quinta-feira, 28 de maio de 2009

Depois da Tempestade... vem a Bonança

Se o cenário ainda não é dos melhores nem mundialmente nem no País, após a crise que ganhou força e cara no terceiro trimestre de 2008 e, vale ressaltar, foi bem alimentada por todos os comunicadores, existem coisas que vêm mudando para melhor. Longe de querer simplificar o quadro usando o antigo ditado consolador e sábio “depois da tempestade, vem a bonança” é fácil perceber o quanto o mercado produtivo e financeiro passaram a tomar outro tipo de comportamento com a chegada de um período de vacas mais magras. Ou, talvez, de vacas mais bem informadas.

As decisões dentro das empresas passaram a ser tomadas a partir de análises mais profundas não só do presente como de perspectivas para o futuro. A liberalização econômica e a autorregulação passaram a ser linhas revistas por conta da bolha que se criou de capital imaginário circulando no mercado. Este e a sociedade como um todo caíram da própria cama de ilusões, onde tudo só podia melhorar e o dinheiro do mundo era infinito. Toda a discussão ficou muita clara também no último encontro do G20. A realidade é que não só o capital era e é finito como parte dele nunca existiu além de em papéis do mundo financeiro.

O balde de água fria na euforia resultou em palácios em declínio, em queda de companhias que se mostraram verdadeiras farsas ao deixar de lado seus principais negócios para gerar lucros no mercado de capitais. A festa de salários astronômicos para altos executivos e ainda os gastos baseados em regalias pessoais e em prioridades criadas por poucos chegaram ao limite.

O que veio depois e segue em construção são planos realistas, de rédeas curtas e muita preocupação com os compromissos de governança corporativa, sociais e ambientais em alta pelo mundo. A mordida dada pela crise na economia fez os mais inábeis gestores repensarem que algo estava errado e que já não há espaço para irresponsabilidades e aventuras. A transparência passou a ser primordial e não falta quem a cobre por onde passa.

Do mercado de ações e inúmeros tipos de ativos, a prestação de contas ganhou espaço até nas menores estruturas empresariais. A economia doméstica, de contabilizar cada gasto, ficou ainda mais próxima da realidade de qualquer instituição, independente do seu porte. E este caminho não tem volta. Ele tem a cara do que a sustentabilidade ambiental precisa, do que a sociedade exige e do que os investidores mais profissionais esperam.

Nas áreas de comunicação o quadro é o mesmo. Cada detalhe deve ser visto e explicado com o cuidado de não incorrer em mentiras e nem em omissões. O mundo está em alerta e na era das redes sociais nem os mais discretos atores do cenário conseguem ficar impunes ao que a tempestade movimentou nos últimos meses.


Ada Mendes é gerente de atendimento da LVBA Comunicação.

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