quarta-feira, 27 de outubro de 2010

RPs, we DO have a problem!

Gisele Lorenzetti (*)

No artigo anterior, defendi que a atividade de RP nunca esteve tão em alta como nos dias de hoje. Para comprovar este fato, listei alguns exemplos e poderia, aqui e agora, listar outros tantos... Mas, querem saber? Não farei isso.

Minha proposta foi a de promover a discussão: por que nós, profissionais de RP, não somos tão reconhecidos e valorizados se nossa atividade mostra-se tão importante e, de certa forma, presente nas organizações?

Mas antes de entrar de sola nessa seara, quero abrir um parênteses. Das 14 manifestações geradas pelo post, uma chamou muito a minha atenção. O estudante de RP Alexandre afirma estar arrependido por ter escolhido o curso... Quero, então, pedir licença aos demais leitores, para fazer aqui um breve desvio da proposta inicial e, como profissional veterana, ajudá-lo:

Caro Alexandre,

Ainda dá tempo de mudar esta percepção. Você só precisa entender que a faculdade, seja ela qual for, só erra em duas ocasiões: No primeiro dia de aula, quando deveria contar aos alunos que, a partir daquele momento, a relação estudante/instituição de ensino será totalmente diferente e que eles não terão mais 100% do conhecimento vindos da escola, como ocorreu até então, nos ensinos fundamental e médio. Da faculdade você receberá cerca de 60% da sua formação e, caberá a você, ir em busca dos 40% restantes. A faculdade peca, novamente, no último dia de aula, quando não alerta o graduando que aquele não é o fim e sim o começo de uma nova fase e que a busca pelo conhecimento é contínua. Saindo da faculdade você perceberá quais são as áreas que complementarão a sua formação para investir nas especializações, MBAs, strictu sensu, etc.

Então, Alexandre, não desanime – nem do seu curso e nem da profissão. Bola pra frente!

Atenciosamente, Gisele

Agora, voltando ao tema do artigo de hoje, quero fazer referência a outro comentário provocado pelo post e que tende a acrescentar, de forma bastante positiva, para nossa discussão. A Mayline Monteiro, “quase formanda” em Relações Públicas, conta que leu num livro um argumento que comprova a importância de uma boa gestão de relacionamento nas empresas: “Custa cinco vezes mais atrair um cliente novo do que manter um antigo”. Mayline, parabéns pela conclusão e pela citação. Acho que aqui temos a resposta aos motivos das nossas dificuldades.

Muitos choram porque profissionais de marketing, assim como de outros segmentos, estão ganhando espaço em áreas de RP. E por que isso acontece? Sei que minha resposta pode não agradar, mas com certeza reflete o que penso e, principalmente, o que acompanhei nestes anos todos no mercado:

Estes profissionais falam a linguagem dos empresários. Seu discurso tem como argumento o negócio, as estratégias corporativas e a busca por resultados. E não é só o discurso, não. As ações, em sua maior parte – mesmo as que julgamos como ações de RP – têm esta apresentação.

Quantas vezes conseguimos reunir argumentos – junto aos nossos chefes ou clientes – tão firmes como o da estudante Mayline? Ela soube defender com precisão que a organização deve investir na gestão de relacionamento com seus clientes porque é mais rentável. E querem saber? É isso que as organizações querem ouvir e é isso que devemos vender. Isso é a base de RP – é o que aprendemos na faculdade e não conseguimos fazer para nós mesmos: adaptar a mensagem ao público.

A edição 29 ( Julho-Setembro 2010) da revista Mundo Corporativo traz um artigo bastante interessante sob o título “Identidade Virtual”. Com dados do estudo “Midias sociais nas empresas – o relacionamento online com o mercado”, produzido pela Deloitte, consultoria de negócios que edita a publicação, o artigo relata que em 73% das empresas, as iniciativas nas mídias sociais ficam sob a administração da área de Marketing e chama a atenção para o “aparente pequeno envolvimento das diretorias e dos departamentos de comunicação com essas mídias (cerca de 6%), embora, muitas vezes, essa área esteja atrelada ao próprio departamento de marketing das empresas”.

Para piorar um pouco mais o cenário (Sim! É pior do que se pode imaginar): 85% das empresas consultadas têm como primeiro objetivo para interagir com seus públicos nas redes sociais, aumentar a reputação da marca! Ou seja, falamos aqui de um objetivo legítimo de RP: agir a fim de gerar boa reputação de marca.

Mas se querem saber, se por um lado este dado é triste, já que demonstra que estamos excluídos do processo de gestão de relacionamento nas mídias digitais, por outro deve nos servir como estímulo.

É isso mesmo! Em vez de nos deprimir, este cenário negativo deve estimular a prática do pensar e, de uma vez por todas, abrir espaço para que possamos reinventar nossas estratégias. Ainda é tempo, mesmo porque gestão de mídias sociais é uma atividade nova e ainda podemos ter um papel fundamental nesta história.

Admito que esta não é uma tarefa das mais fáceis. Imagino que, neste exato momento, alguns de vocês estejam pensando em algo como “Mas, Gisele, o que preciso fazer para participar de maneira mais efetiva deste processo?”. Para isso, farei mais uma provocação:

Será que nossos argumentos para levar uma organização a investir nas redes sociais estão adequados? E mais: será que estamos oferecendo resultados tangíveis ou apenas promessas?

Não vou conseguir concluir o assunto neste segundo artigo. E vou continuar investindo na troca de idéias. Então, vamos à “lição de casa” da semana.

É fato: precisamos desenvolver um planejamento estratégico para nossa atividade. E, como sabemos, todo bom planejamento começa com a montagem de um quadro SWOT – aquele que traduz o cenário em pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças.

É a análise desses pontos que permitirá a criação de um plano de ação. Então, colegas, mãos à obra. Vamos usar os comentários para listar:

  • Pontos fortes – o que temos a nosso favor;
  • Pontos fracos – o que existe e não é favorável ao desenvolvimento da nossa atividade;
  • Oportunidades – o que existe para crescermos, desenvolvermos nossa atividade profissional;
  • Ameaças – o que ameaça o nosso desenvolvimento.

Não é fácil, mas se conseguimos montar isso para nossas organizações e nossos clientes, seremos também capazes de montá-lo para nós.

Mãos à obra, boa semana e até o próximo artigo!

Gisele Lorenzetti é profissional de Relações Públicas e diretora executiva da LVBA Comunicação. Foi conselheira do Conrerp-2ª Região (Conselho Regional de Profissional de Relações Públicas) durante três gestões e fundadora e diretora da Abracom (Associação Brasileira das Agências de Comunicação).

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

RPs, we have a problem!

Gisele Lorenzetti (*)

Este espaço sempre foi usado para disseminar informações com o objetivo de ajudar instituições a valorizar a boa comunicação nos momentos de crise. Ou seja, é um espaço em que profissionais de comunicação falam para o mercado. Então, quero pedir licença ao mercado e usar o espaço para falar aos profissionais de comunicação:

Colegas, acho que estamos em crise. Acho que está na hora de usarmos a expressão “Houston, we have a problem” para nós mesmos.

Há semanas venho amadurecendo a redação deste post. Mas hoje, um fato novo me obrigou a sair do campo das ideias. O professor João Manuel Cardoso de Mello, fundador da FACAMP e também da UNICAMP, numa entrevista para o portal da FACAMP, declarou, de maneira infeliz, que Relações Públicas é um “curso de segunda categoria”. Trata-se de uma declaração que, entre outras coisas, demonstra desconhecimento do que é a atividade de relações públicas. Ou seja, é uma visão preconceituosa, pois parte de um pré-conceito e não do conhecimento real do quanto à atividade de RP vem ganhando destaque.

Mas, não vou utilizar este espaço para condenar o professor João Manuel. Como profissional de RP que sou, em vez de reagir, prefiro pensar e compor um cenário. Conheço o professor em questão e sei que se trata de um profissional sério, dono de iniciativas mais que louváveis e de excelente preparo acadêmico e intelectual. Assim, utilizarei seu depoimento para compor um diagnóstico, baseado no seguinte questionamento: por que existe esta percepção no mercado?

Vamos por partes:

Em primeiro lugar, vou tentar definir “quem somos” e o “que fazemos”. A definição formal de relações públicas é “o esforço deliberado, planificado, coeso e contínuo da alta administração, para estabelecer e manter uma compreensão mútua entre uma organização, pública ou privada, e seu pessoal, assim como entre essa organização e todos os grupos aos quais está ligada, direta ou indiretamente”.

Sendo mais clara, direta e buscando uma definição alinhada à era das redes sociais, não erramos quando nos apresentamos como gestores de relacionamentos. Simples e complexo como isso. Afinal, promover o diálogo é buscar a compreensão mútua.

Além disso, a atividade de gestores de relacionamento nunca esteve tão em alta como nos dias de hoje. E, podem acreditar, isso não é um discurso apaixonado é, sim, fato. Exemplos: segundo o IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), a definição de governança corporativa é a de um sistema de gestão que envolve os relacionamentos entre a organização e alguns stakeholders. Ops! Gestão de relacionamento!

Mais um exemplo: a publicação “150 melhores empresas para você trabalhar”, editada anualmente pelas revistas Você S/A e Exame, tem dois indicadores que só podem ser avaliados à luz da comunicação. O quanto a empresa é capaz de disseminar sua estratégia para o público interno, no quesito estratégia e gestão, e a avaliação da relação empresa com o público interno, no quesito cidadania empresarial. Ops! Gestão de relacionamento, novamente.

E, para não ficar aqui linha, após linha, comprovando o quanto a atividade cresce em importância, vamos ao argumento fatal: na era das redes sociais percebemos que a comunicação one-to-one passa a ter uma relevância jamais imaginada. Ou seja, a comunicação de massa cede espaço ao diálogo com grupos de interesse e com o indivíduo. Isso é a essência de RP. Isso é gestão de relacionamentos.

Há outro ponto que eu gostaria de usar como provocação: na década de 80, fez muito sucesso o filme Blade Runner. Com uma visão futurista de uma Los Angeles no ano de 2019, o filme ficou marcado pela criação de robôs, considerados perfeitos: os Replicantes. Descobre-se, no entanto que estes seres robóticos possuem uma instabilidade emocional, diretamente relacionada à sua ausência de passado, de trajetória. No desenrolar do filme, percebemos estas figuras buscando preencher essas lacunas, observando fotos da trajetória real dos humanos. Certamente, quem assistiu a este filme guardou na memória a belíssima trilha composta por Vangelis...

Mas, voltando ao mundo real, em outubro de 2010, você deve estar se perguntando: “Mas Gisele, o que os Replicantes têm a ver com o nosso contexto?”. Tudo a ver. Nós, os RPs, não somos Replicantes. Ou seja, temos trajetória. Fazemos gestão de relacionamento há muito tempo, muito antes do advento das redes sociais e das comunidades virtuais. Temos história e raiz.

Então, meus colegas, se nossa atividade tem esta importância toda, por que vemos manifestações como a que comentamos na abertura deste post? Deixo a pergunta no ar para que possamos construir a resposta de forma coletiva, como mandam as redes sociais. Na semana que vem, prometo um novo post tentando trazer respostas e conclusões para o tema.

De qualquer forma, o objetivo deste texto era mostrar que a atividade de RP é relevante, vem crescendo em importância e isso não deve parar. Além disso, trata-se de uma atividade consistente, com passado, com trajetória e, por isso, capaz de acompanhar todos os movimentos e tendências sociais e empresariais.

E vamos ao segundo post: por que não somos reconhecidos como gestores de relacionamento e, portanto, como profissionais cada vez mais presentes nas organizações contemporâneas que prezam o relacionamento com os stakeholders, de forma sistemática e transparente?

Gisele Lorenzetti é profissional de Relações Públicas e diretora executiva da LVBA Comunicação. Foi conselheira do Conrerp-2ª Região (Conselho Regional de Profissional de Relações Públicas) durante três gestões e fundadora e diretora da Abracom (Associação Brasileira das Agências de Comunicação).

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A escrita da social media

Marcas líderes em tecnologia no Reino Unido estão falhando quando se comunicam dentro dos canais de social mídia. Este é o resultado de um estudo realizado pela agência inglesa Wildfire PR e divulgado pela PR Week, em matéria assinada por Peter Hay.

De acordo com o levantamento, 90% destas empresas têm presença em pelo menos duas mídias sociais. Até aí, nenhum surpresa. O fato curioso é que, segundo a pesquisa, 43% das companhias se incomodam em responder os tweets e apenas 25% das marcas dão uma resposta aos seus seguidores no Facebook.

Em entrevista a PR Week, Debby Penton, Managing Director da Wildfire PR, analisou os dados: “é surpreendente descobrir que tantas empresas de tecnologia estão utilizando-se de técnicas de marketing antigas dentro da social media”.

Ao inserirmos este contexto na realidade brasileira, uma pergunta surge imediatamente: estamos agindo diferente? O questionamento, natural e importante, exige a análise de diversos pontos. O primeiro deles é que compartilhar conteúdo, informando lançamentos e promoções, não é sinônimo de interatividade.

Pode parecer óbvio, mas muitas marcas insistem ainda no contato de mão-única. A comunicação com o usuário está, principalmente, nas respostas exatas, atendendo aos diferentes “gostos” dos e-consumidores, e na troca constante de percepções.

Um outro ponto importante é que as funcionalidades de um espaço social, na grande maioria das vezes, não se aplica em outros. Portanto, faz-se mais do que necessário a exploração contínua de ferramentas e a incansável necessidade de participar dos novos conceitos.

O terceiro elemento, para não se alongar nesta discussão, é que a linguagem própria das redes não deve nunca se confrontar ou ofuscar a língua portuguesa. Gírias e expressões são sempre bem-vindas, mas desde que contribuam para ampliar o alcance e entendimento, e não puramente para desgastar a fala.

Como destaca Derrick de Kerckhove em seu livro The Skin of Culture: Investigating the New Electronic Reality (disponível em português como A Pele da Cultura: investigando a nova realidade eletrônica), “escrever dá capacidade aos homens para arquivar, expandir e explorar a linguagem como um controle simbólico e prático sobre a natureza”.

A natureza, neste caso, é natureza humana, a própria existência dos homens em seu mundo pré-estabelecido. Mais adiante, Kerckhove complementa: “a escrita, que é sempre o âmago de elementos específicos da civilização, parece atuar como uma espécie de amplificador da inteligência e dá origem a explosões repentinas na aceleração cultural”.

Este recado do autor desafia, indiretamente, as marcas que se incomodam em responder os tweets ou que não dão uma resposta aos seus seguidores no Facebook. Afinal, a escrita, quando associada à preguiça ou falta de planejamento, pode ampliar desgastes e contribuir para uma fragilidade inconsequente de ideias. Reflita sobre estes pontos, amplie seus mundos e pratique, o quanto antes, uma das artes mais antigas da humanidade: a escrita!

Rodrigo Capella é jornalista e assessor de imprensa, especializado em Jornalismo Institucional. Autor, entre outros, de “Assessor de Imprensa – fonte qualificada para uma boa notícia”. Edita o blog PR Interview e ministra os cursos Assessoria Digital – Evoluindo do Release para a Web 2.0 (Escola de Comunicação) e Engagement: dicas para um relacionamento diferenciado com imprensa e cliente (Abracom).

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Comunicação super-rápida

Smart Grid, Display Text e NFC. Estas tecnologias soam estranhas em um primeiro momento? Não se assuste! É perfeitamente natural. Mas, vale uma primeira dica: cada vez mais, o assessor de imprensa precisa conhecer tais soluções em profundidade para aplicá-las durante o trabalho comunicacional (interno e externo).

A Smart Grid é uma rede inteligente que oferece uma séria de vantagens se comparada com a tradicional Dumb Grid (rede burra). Ela é capaz, por exemplo, de auxiliar no trabalho necessário para se evitar grandes apagões. Além disso, ajudará a levar energia para áreas distantes e controlará melhor a utilização desta fonte.

Já a Display Text, muito utilizada pelas operadoras de telefonia celular para enviar as faturas mensais, corrobora a necessidade de uma comunicação ágil e eficaz. Com um simples envio de mensagem, podemos informar sobre coletivas de imprensa, lançamentos de produtos ou press trip. Uma prática totalmente saudável, que, se bem utilizada, contribui para o fim do lixo virtual.

E a NFC? Quais as vantagens? A Near Field Communication, traduzida por muitos especialistas como Comunicação em Área Próxima, permite a troca de dados entre dois devices que estejam muito pertos ou literalmente encostados. Com esta tecnologia, é possível, por exemplo, transferir dados do computador para qualquer aparelho sem a necessidade de cabo USB.

Provavelmente, você está se questionando: “será que toda esta tecnologia é realmente útil?” A resposta é simples: “em todos os sentidos”. Hoje em dia, o assessor de imprensa precisa ser um profissional completo e socialmente engajado. Desta forma, questões sustentáveis e econômicas devem fazer parte do seu cotidiano.

Atuando como consultores e especialistas em desenvolvimento sustentável e novas práticas, os comunicadores devem, sempre que possível, apoiar-se em novas tecnologias para criar, manter e aperfeiçoar projetos de profundidade comunicacional, como o Good Guide e No Impact Project – iniciativas que visam, principalmente, o bem-estar imediato da sociedade e uma melhor qualidade de vida.

Fazer parte deste contexto deixou de ser um diferencial, consolidando-se como algo realmente necessário. Está lançado, portanto, um novo desafio para os assessores de imprensa: a comunicação super-rápida!

Rodrigo Capella é jornalista e assessor de imprensa, especializado em Jornalismo Institucional. Autor, entre outros, de “Assessor de Imprensa – fonte qualificada para uma boa notícia”. Ministra o curso “Engagement: dicas para um relacionamento diferenciado com imprensa e cliente” na Abracom.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Interconexões dos fatos nas hierarquias empresariais

Tomando como ponto de partida o excelente post da colega Juliana Rodrigues, “Conhecimento e Intrerconexões dos Fatos”, atrevo-me a colocar um pouco de “pimenta nesse molho”, como minha querida e admirada colega, Claudia David, costuma falar. De fato, ler, interpretar e avaliar cenários internos e externos é um talento ou uma competência que fará toda a diferença no mundo empresarial contemporâneo.
É inevitável voltar a afirmar que os fluxos de informações dentro e fora das empresas são agora sabidos como tão rápidos como as sinapses cerebrais. E digamos que no “mercado informal” a velocidade é ainda maior. O que nos requer, “gestores do ambiente” (pode ser?), mais agilidade e acuracidade nas nossas análises.
Até o momento, nada de novo. Só uma pimentinha amarela. Mas prosseguindo com o “molho”, será que as decisões na estrutura hierárquica gerencial ocorrem na mesma velocidade que os fluxos de informações e pareces dos profissionais “antenas parabólicas analíticas”?
Então, chegamos ao ponto “caliente”: os grandes ambientes corporativos são fortemente hierarquizados, o quê, é claro, requerido pelo porte organizacional. Contudo, em meio a riscos, a crises e nas simples atitudes do dia-a-dia, decisões que poderiam prevenir ou evitar um cenário negativo ficam presas em intermináveis níveis de validação. Sim. Estamos falando da dissincronia entre a dinâmica dos fatos interconectados, lidos, avaliados e do que diz respeito à velocidade das decisões gerenciais.
Onde está a lógica das interconexões nas hierarquias gerenciais? Onde se aplica a interdisciplinaridade dos processos? Como atribuir a essa estrutura mais velocidade? Como sincronizar tais dinâmicas e obter decisões mais rápidas, minimizando riscos e prevenindo crises corporativas?
Senhores e senhoras, o caminho é longo e a caminhada pode ser dolorida. Se crescer dói, imagine mudar! E mudar é totalmente possível. Os comitês interdisplinares têm sido uma boa demonstração de bons primeiros passos em algumas empresas. E já que estamos e falando também em redes, as ferramentas Web 2.0 são o coringa, quando se trata de velocidade, preservando as informações em segurança.
E como os colegas sabem, o caminho ainda é mais longo. Implementar estruturas horizontais e ferramentas colaborativas sem mudar a cultura que suporta as fortes estruturas verticais é tapar o sol com a peneira. E isso nos rende uma outra história!

Renata Santiago é Consultora em Comunicação, Gestão de Mudanças e do Conhecimento na TerraForum. Bacharel em Comunicação Social – Relações Públicas, especialista em Marketing (FGV) e pós-graduanda em Gestão Integrada de Comunicação Digital (USP), possui ampla experiência em Comunicação Corporativa, em especial, Interna e Digital – web 1.0 e 2.0. Liderou os projetos de reposicionamento da área de Comunicação Corporativa, modelo de governança para Comunicação Interna, revitalização da Intranet e modelo gestão, processos de comunicação interna para implementação da gestão de crises e projetos de Web 2.0, em ambientes corporativos.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Conhecimento e Interconexão dos fatos

Quando falamos em crise e o papel da comunicação é muito natural nos lembrarmos de diversos cases expressivos nos mundos dos negócios, tais como escândalos, catástrofes ou acidentes que às vezes marcam a história de algumas organizações. Porém, definitivamente, crise não é só isso. Elas são de todo tamanho e acontecem diariamente. Pode ser o desligamento de um funcionário estratégico, um conflito de interesses entre áreas, uma reestruturação organizacional, o avanço de mercado de um concorrente audacioso... Enfim, qualquer situação de ruptura e/ou mudança que demanda decisões ágeis e importantes.

A própria palavra “crise” significa isso: “um momento de grande perigo, dificuldade ou confusão quando problemas precisam ser solucionados ou decisões importantes precisam ser tomadas” (tradução do Oxford Dictionary). A palavra, tanto no inglês quanto no português, deriva do grego Krisis, que significa “ação ou faculdade de distinguir e tomar decisão, por extensão é o momento decisivo, difícil de separar, decidir, julgar” (Dicionário da Língua Portuguesa, Houaiss). Tudo isso pode até parecer muito teórico, mas realmente vale a pena entender o que a palavra realmente significa, porque podemos ampliar nossa percepção e visão. E crises não são necessariamente apenas situações alarmantes. São os momentos de juízo, decisão, quando é necessário fazer escolhas. E, aqui entre nós, um significado muito mais positivo e inspirador, pois nos coloca no centro da situação como protagonistas das decisões e não simplesmente um refém dos fatos.

No entanto, é importante ter consciência de que “tomar decisões” hoje é muito mais complexo, pois normalmente é preciso agilidade, ao mesmo tempo em que são muitas variáveis a ponderar e equilibrar nesse processo. Acredito que aqui está o grande desafio! Afinal, raríssimas situações que enfrentamos tem uma simples e única causa pontual para cada uma delas. Precisamos ter e desenvolver o pensamento sistêmico, ou seja, efetivamente pensar em rede e conseguir ver rapidamente a interligação dos fatos, mesmo sem todos os detalhes. “O pensamento sistêmico é uma sensibilidade à sutil interconectividade que dá aos sistemas vivos seu caráter único” (SENGE, 1990).

Ok! Falar que precisa de “pensamento sistêmico” parece mais um jargão do mundo corporativo, porém difícil de concretizar. Para exemplificar gosto muito de fazer uma analogia com seriados de TV. Você se lembra do seriado “A Feiticeira” da década de 60? Que tratava do dia a dia de uma dona de casa americana com poderes paranormais... Tudo bem, não é o tema em si que é o mais importante na analogia, mas a forma como o enredo se desenrola. Estamos falando de uma história linear, com começo, meio e fim, em um contexto com apenas uma variável complexa: os poderes da protagonista. Com certeza fazia muito mais sentido ver o mundo dessa maneira e até mesmo o planejamento de negócios e de comunicação seguia esse tipo de modelo mental.

Agora, você já assistiu “Lost”? Sim? Então bem-vindo à nossa realidade atual. Não que estejamos literalmente perdidos, não é este o caso. Mas certamente estamos em uma realidade que pode ser melhor representada em rede, tal como acontece no seriado. As histórias dos personagens são todas interconectadas, mesmo antes de eles se conhecerem. E cada passo, cada fato que acontece com um dos personagens, ou em uma parte da ilha, gera impactos em todos os outros e em todo o sistema. (confesso que sou uma dessas viciadas no seriado Lost, apesar de realmente não fazer muito sentido).

A analogia serve para exemplificar o que acontece nos sistemas organizacionais, pois, provavelmente, as decisões mais importantes que precisam ser tomadas não dependem de correlações simples e de efeitos lineares de curto prazo. Na complexidade dinâmica, presente em nossa realidade atual, os efeitos são distintos a curto e longo prazo, as conseqüências são diferentes nas diversas partes do sistema e as intervenções óbvias produzem conseqüências não-óbvias.

Para dar conta do recado, não tem solução mágica. O único remédio é o conhecimento efetivo! Entender de negócios, de sociedade, de pessoas e do que acontece no mundo. E, com isso, ser capaz de identificar os pontos principais e quais são as informações essenciais e fazer as interconexões entre os fatos, mesmo sem ter todos os detalhes. A essência está em ver o todo e descobrir as causas subjacentes dos problemas no sistema. Aí sim combater a causa raiz. Acredito que é esta competência que fará diferença para o profissional, independente de sua escolha como especialista em alguma área específica da comunicação ou como gestor da comunicação ou de qualquer área da organização. E fundamental para tomar as decisões mais acertadas e coerentes nos diversos momentos decisivos, de perigo ou não. Mas, com certeza, não é fácil (e ninguém disse que seria).


Juliana Rodrigues, Relações Públicas, com mais de 10 anos de experiência na área. Atualmente é Gerente de Projetos relacionados a sistemas de gestão e indicadores na International Paper. Também é professora de “Gerenciamento de Comunicação Organizacional” na Faculdade Casper Líbero.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Como sua empresa deve interagir nas redes sociais?

O consumidor brasileiro é um forte simpatizante das redes sociais. Há uma série de pesquisas que afirmam ser o brasileiro o povo mais presente no Orkut, por exemplo, e entre o qual redes como Twitter e Facebook fazem grande sucesso. Neste ambiente, devemos estar atentos para o que o consumidor mais acessa.

Segundo pesquisas recentes sobre o tema, a navegação em redes sociais é a terceira atividade que mais ocupa tempo dos usuários na América Latina, atrás apenas de visitação a portais e uso de comunicadores instantâneos.
Diante desse cenário, podemos dizer, sem grandes exageros, que as redes sociais podem ter um efeito mais devastador em uma marca do que outro tipo de exposição, imprensa ou publicidade.

E o que esses usuários fazem nas redes? No Orkut, as áreas de uso mais intenso são os álbuns de fotos e as páginas de recados. Ou seja, saber o que o outro faz e diz é fundamental e grande influenciador da tomada de decisões do usuário. É justamente aqui que o empresário que deseja ter sua marca bem exposta em uma rede social deve atuar. A interatividade é tamanha nesses ambientes, que as redes são capazes de gerar um efeito manada. Ou seja, um comentário pode desencadear uma discussão com proporções jamais imaginadas.

Diante desse cenário, como uma marca deve comunicar-se com os usuários das redes sociais? É preciso criar um novo departamento na empresa? Há um profissional especifico? Antes de o gestor preocupar-se com tudo isso, ele deve conhecer bem o público com quem está lidando. O mais importante quando falamos de marcas nas redes sociais está relacionado à inserção dessa marca no ambiente virtual, com a finalidade de evitar comentários negativos. Mas como fazer isso?

A conduta ideal das companhias é ter um posicionamento claro e ativo dentro das redes sociais, que permita oferecer respostas rápidas ao consumidor.
Podemos comparar a criação dos call centers há alguns anos, como resposta a uma necessidade do consumidor, com a criação de um meio de resposta para nova geração de consumidores cada vez mais online. Ou seja, um mecanismo claro e autêntico de resposta e de interação com o consumidor nas redes sociais se faz necessário em qualquer organização. Vale lembrar que não deve somente existir um departamento ou um gestor de redes sociais, mas toda a empresa deve estar capacitada a lidar com essas novas mídias, o que garante agilidade e transparência na comunicação.

No ambiente virtual, lidamos não apenas com consumidores, mas, em muitos casos, com missionários ou advogados da marca. Muitas vezes, eles nem sequer consomem o produto, mas a simpatia ou antipatia a ele são capazes de desencadear uma avalanche de comentários positivos ou negativos.

Além de conseguir responder às questões do internauta, a empresa pode e deve utilizar-se das informações colhidas nas redes sociais para aprimorar seus produtos, serviços e até mesmo pontos de sua estratégia. Neste ambiente virtual, toda cadeia de valor pode ser afetada. Tanto as empresas de capital aberto, que têm grande volatilidade no mercado, quanto aquelas que ainda não estão na bolsa de valores - e dependem do canal de vendas - estão sujeitas aos sabores e dissabores das redes sociais.

Em um ambiente incerto e sem fronteiras como este, as empresas devem preocupar-se em fidelizar e ampliar sua rede de bons usuários. Este é o caminho para evitar o desgaste de uma marca e lutar contra a manada de comentários indesejáveis.

Lucas Reñe Copell, sócio diretor da Vallua Consultoria, é graduado em engenharia pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e pós-graduado em marketing pela ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing). Esse artigo foi originalmente publicado no Portal Santander Empreendedor.