quarta-feira, 27 de outubro de 2010

RPs, we DO have a problem!

Gisele Lorenzetti (*)

No artigo anterior, defendi que a atividade de RP nunca esteve tão em alta como nos dias de hoje. Para comprovar este fato, listei alguns exemplos e poderia, aqui e agora, listar outros tantos... Mas, querem saber? Não farei isso.

Minha proposta foi a de promover a discussão: por que nós, profissionais de RP, não somos tão reconhecidos e valorizados se nossa atividade mostra-se tão importante e, de certa forma, presente nas organizações?

Mas antes de entrar de sola nessa seara, quero abrir um parênteses. Das 14 manifestações geradas pelo post, uma chamou muito a minha atenção. O estudante de RP Alexandre afirma estar arrependido por ter escolhido o curso... Quero, então, pedir licença aos demais leitores, para fazer aqui um breve desvio da proposta inicial e, como profissional veterana, ajudá-lo:

Caro Alexandre,

Ainda dá tempo de mudar esta percepção. Você só precisa entender que a faculdade, seja ela qual for, só erra em duas ocasiões: No primeiro dia de aula, quando deveria contar aos alunos que, a partir daquele momento, a relação estudante/instituição de ensino será totalmente diferente e que eles não terão mais 100% do conhecimento vindos da escola, como ocorreu até então, nos ensinos fundamental e médio. Da faculdade você receberá cerca de 60% da sua formação e, caberá a você, ir em busca dos 40% restantes. A faculdade peca, novamente, no último dia de aula, quando não alerta o graduando que aquele não é o fim e sim o começo de uma nova fase e que a busca pelo conhecimento é contínua. Saindo da faculdade você perceberá quais são as áreas que complementarão a sua formação para investir nas especializações, MBAs, strictu sensu, etc.

Então, Alexandre, não desanime – nem do seu curso e nem da profissão. Bola pra frente!

Atenciosamente, Gisele

Agora, voltando ao tema do artigo de hoje, quero fazer referência a outro comentário provocado pelo post e que tende a acrescentar, de forma bastante positiva, para nossa discussão. A Mayline Monteiro, “quase formanda” em Relações Públicas, conta que leu num livro um argumento que comprova a importância de uma boa gestão de relacionamento nas empresas: “Custa cinco vezes mais atrair um cliente novo do que manter um antigo”. Mayline, parabéns pela conclusão e pela citação. Acho que aqui temos a resposta aos motivos das nossas dificuldades.

Muitos choram porque profissionais de marketing, assim como de outros segmentos, estão ganhando espaço em áreas de RP. E por que isso acontece? Sei que minha resposta pode não agradar, mas com certeza reflete o que penso e, principalmente, o que acompanhei nestes anos todos no mercado:

Estes profissionais falam a linguagem dos empresários. Seu discurso tem como argumento o negócio, as estratégias corporativas e a busca por resultados. E não é só o discurso, não. As ações, em sua maior parte – mesmo as que julgamos como ações de RP – têm esta apresentação.

Quantas vezes conseguimos reunir argumentos – junto aos nossos chefes ou clientes – tão firmes como o da estudante Mayline? Ela soube defender com precisão que a organização deve investir na gestão de relacionamento com seus clientes porque é mais rentável. E querem saber? É isso que as organizações querem ouvir e é isso que devemos vender. Isso é a base de RP – é o que aprendemos na faculdade e não conseguimos fazer para nós mesmos: adaptar a mensagem ao público.

A edição 29 ( Julho-Setembro 2010) da revista Mundo Corporativo traz um artigo bastante interessante sob o título “Identidade Virtual”. Com dados do estudo “Midias sociais nas empresas – o relacionamento online com o mercado”, produzido pela Deloitte, consultoria de negócios que edita a publicação, o artigo relata que em 73% das empresas, as iniciativas nas mídias sociais ficam sob a administração da área de Marketing e chama a atenção para o “aparente pequeno envolvimento das diretorias e dos departamentos de comunicação com essas mídias (cerca de 6%), embora, muitas vezes, essa área esteja atrelada ao próprio departamento de marketing das empresas”.

Para piorar um pouco mais o cenário (Sim! É pior do que se pode imaginar): 85% das empresas consultadas têm como primeiro objetivo para interagir com seus públicos nas redes sociais, aumentar a reputação da marca! Ou seja, falamos aqui de um objetivo legítimo de RP: agir a fim de gerar boa reputação de marca.

Mas se querem saber, se por um lado este dado é triste, já que demonstra que estamos excluídos do processo de gestão de relacionamento nas mídias digitais, por outro deve nos servir como estímulo.

É isso mesmo! Em vez de nos deprimir, este cenário negativo deve estimular a prática do pensar e, de uma vez por todas, abrir espaço para que possamos reinventar nossas estratégias. Ainda é tempo, mesmo porque gestão de mídias sociais é uma atividade nova e ainda podemos ter um papel fundamental nesta história.

Admito que esta não é uma tarefa das mais fáceis. Imagino que, neste exato momento, alguns de vocês estejam pensando em algo como “Mas, Gisele, o que preciso fazer para participar de maneira mais efetiva deste processo?”. Para isso, farei mais uma provocação:

Será que nossos argumentos para levar uma organização a investir nas redes sociais estão adequados? E mais: será que estamos oferecendo resultados tangíveis ou apenas promessas?

Não vou conseguir concluir o assunto neste segundo artigo. E vou continuar investindo na troca de idéias. Então, vamos à “lição de casa” da semana.

É fato: precisamos desenvolver um planejamento estratégico para nossa atividade. E, como sabemos, todo bom planejamento começa com a montagem de um quadro SWOT – aquele que traduz o cenário em pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças.

É a análise desses pontos que permitirá a criação de um plano de ação. Então, colegas, mãos à obra. Vamos usar os comentários para listar:

  • Pontos fortes – o que temos a nosso favor;
  • Pontos fracos – o que existe e não é favorável ao desenvolvimento da nossa atividade;
  • Oportunidades – o que existe para crescermos, desenvolvermos nossa atividade profissional;
  • Ameaças – o que ameaça o nosso desenvolvimento.

Não é fácil, mas se conseguimos montar isso para nossas organizações e nossos clientes, seremos também capazes de montá-lo para nós.

Mãos à obra, boa semana e até o próximo artigo!

Gisele Lorenzetti é profissional de Relações Públicas e diretora executiva da LVBA Comunicação. Foi conselheira do Conrerp-2ª Região (Conselho Regional de Profissional de Relações Públicas) durante três gestões e fundadora e diretora da Abracom (Associação Brasileira das Agências de Comunicação).

9 comentários:

Anônimo disse...

Gisele,

Ainda há esperança. Estou há menos de um ano em uma empresa - presidida por um alemão estruturando e tocando a área de comunicação. Percebo que toda e qualquer ação que planejo precisa ser embasada por argumentos consistentes e números que possam a agregar valor ao negócio. O pessoal de comunicação costuma pensar muito no mundo ideal, mas no real temos que provar por A+B que a comunicação não é o "cafezinho da empresa". RP deve sempre andar junto do planejamento estratégico do negócio - alguns homens de negócio já percebem isso, agora é hora de convencer os outros :)

Helena Bernardes

Julyana Castro disse...

Olá Gisele!

Mais uma vez um ótimo post. E concordo com a Helena quando ela diz que as vezes vivemos em um mundo ideal, mas na verdade temos que mostrar a esses executivos que preferem a área de marketing, que o mundo ideal é o que vai diferenciá-lo de outras marcas. Sempre defendi a idéia de que produtos temos aos montes disponíveis a todos os tipos de pessoas e bolsos, mas o que realmente difere uma marca da outra é a sua imagem. E cada vez mais isso é uma forte tendência, as empresas tem que investir sim nos seus relacionamentos, fortalecer sua imagem perante seus públicos e nessa batalha é que vencerão a concorrência!

Parabéns pelos posts, o blog já virou uma espécie de leitura diária, sempre acesso para ver se tem posts novos!!

Bjs!!

Julyana Castro

Bruno Carramenha disse...

Brevemente, minha contribuição:

S - Temos profissionais mais que capacitados para promover a profissão, para transferir (ou emprestar) todo o conhecimento aplicado às empresas a favor da valorização de RP.
W - A classe é desunida. Mobilizações como essa mostraram que existe potencial, mas parece que tem gente mais interessada em promoção pessoal do que bem coletivo.
O - O mercado de trabalho é a grande oportunidade. Vejo crescer o número de vagas e a valorização tem se dado (a passos curtíssimos) pelo próprio mercado.
T - Somos, sem dúvida, os profissionais mais capacitados para realizar um trabalho de promoção de relacionamentos e imagem institucional, mas não somos os únicos que fazemos isso. O mercado acaba abraçando os melhores - e isso é bom! -, mas às vezes ficamos sem oportunidade de concorrer a vagas ou a espaços que poderiam ser nossos.

Raquel disse...

Olá,

Li seu post e gostei muito. Pensei que você poderia me ajudar. Eu moro fora do Brasil e queria muito um livro sobre a crise da Parmalat "Diário de uma crise: lições do Caso Parmalat". Como eu não tenho tempo de comprar, trazer pra cá, pensei em buscar na Internet um download. Sabe de algum lugar que eu possa encontrá-lo? Estou desesperada.
Meu e-mail é raquelvso@gmail.com

Obrigada.
Raquel

Unknown disse...

Somos leitores assíduos do seu Blog. Um abraço, Equipe do site Analista de Suporte.Daienne

Isabella Campos disse...

Tenho o maior orgulho de ter escolhido, dentre as possibilidades da comunicação, a habilitação em Relações Públicas. Creio que falta ainda uma postura mais forte do profissional no mercado, para que ele seja valorizado como uma peça importante na empresa e faça com que ela alcance seus objetivos organizacionais. A profissão vai muito além de fazer eventos, a dica é mostrar seu potencial e colocar em prática tudo que aprende/aprendeu na universidade!

Anônimo disse...

Uma das forma das empresas combaterem a crise é a diferenciação no mercado através da comunicação. Se as empresas não se dão a conhecer caem no anonimato e no esquecimento. Há que apostar na imagem e na comunicação.
Deixo aqui como ajuda para empresas, uma empresa que trata muitíssimo bem dessas questões, a PAGE78.
(http://www.facebook.com/pages/Page78/126949224039039)

André Ferreira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
André Ferreira disse...

Gostei muito do seu blog.

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