quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A escrita da social media

Marcas líderes em tecnologia no Reino Unido estão falhando quando se comunicam dentro dos canais de social mídia. Este é o resultado de um estudo realizado pela agência inglesa Wildfire PR e divulgado pela PR Week, em matéria assinada por Peter Hay.

De acordo com o levantamento, 90% destas empresas têm presença em pelo menos duas mídias sociais. Até aí, nenhum surpresa. O fato curioso é que, segundo a pesquisa, 43% das companhias se incomodam em responder os tweets e apenas 25% das marcas dão uma resposta aos seus seguidores no Facebook.

Em entrevista a PR Week, Debby Penton, Managing Director da Wildfire PR, analisou os dados: “é surpreendente descobrir que tantas empresas de tecnologia estão utilizando-se de técnicas de marketing antigas dentro da social media”.

Ao inserirmos este contexto na realidade brasileira, uma pergunta surge imediatamente: estamos agindo diferente? O questionamento, natural e importante, exige a análise de diversos pontos. O primeiro deles é que compartilhar conteúdo, informando lançamentos e promoções, não é sinônimo de interatividade.

Pode parecer óbvio, mas muitas marcas insistem ainda no contato de mão-única. A comunicação com o usuário está, principalmente, nas respostas exatas, atendendo aos diferentes “gostos” dos e-consumidores, e na troca constante de percepções.

Um outro ponto importante é que as funcionalidades de um espaço social, na grande maioria das vezes, não se aplica em outros. Portanto, faz-se mais do que necessário a exploração contínua de ferramentas e a incansável necessidade de participar dos novos conceitos.

O terceiro elemento, para não se alongar nesta discussão, é que a linguagem própria das redes não deve nunca se confrontar ou ofuscar a língua portuguesa. Gírias e expressões são sempre bem-vindas, mas desde que contribuam para ampliar o alcance e entendimento, e não puramente para desgastar a fala.

Como destaca Derrick de Kerckhove em seu livro The Skin of Culture: Investigating the New Electronic Reality (disponível em português como A Pele da Cultura: investigando a nova realidade eletrônica), “escrever dá capacidade aos homens para arquivar, expandir e explorar a linguagem como um controle simbólico e prático sobre a natureza”.

A natureza, neste caso, é natureza humana, a própria existência dos homens em seu mundo pré-estabelecido. Mais adiante, Kerckhove complementa: “a escrita, que é sempre o âmago de elementos específicos da civilização, parece atuar como uma espécie de amplificador da inteligência e dá origem a explosões repentinas na aceleração cultural”.

Este recado do autor desafia, indiretamente, as marcas que se incomodam em responder os tweets ou que não dão uma resposta aos seus seguidores no Facebook. Afinal, a escrita, quando associada à preguiça ou falta de planejamento, pode ampliar desgastes e contribuir para uma fragilidade inconsequente de ideias. Reflita sobre estes pontos, amplie seus mundos e pratique, o quanto antes, uma das artes mais antigas da humanidade: a escrita!

Rodrigo Capella é jornalista e assessor de imprensa, especializado em Jornalismo Institucional. Autor, entre outros, de “Assessor de Imprensa – fonte qualificada para uma boa notícia”. Edita o blog PR Interview e ministra os cursos Assessoria Digital – Evoluindo do Release para a Web 2.0 (Escola de Comunicação) e Engagement: dicas para um relacionamento diferenciado com imprensa e cliente (Abracom).

2 comentários:

Renata disse...

Se uma empresa não está disposta a interagir, qual é o sentido então de entrar nas redes sociais, não é mesmo? É o perigo de fazer/planejar a comunicação guiada pelos modismos...

Anônimo disse...

Renata,

concordo contigo. É muito perigoso nos guiarmos pelo modismo. A empresa precisa estar preparada para entrar na web 2.0, interagindo, ouvindo e contribuindo. Por isso, é preciso sempre analisar a hora e o momento adequado de se participar.

Abs e obrigado pelo comentário, Rodrigo Capella.
http://printerview.wordpress.com